terça-feira, 22 de maio de 2012

A África que chega ao Brasil.

    A cultura africana chegou ao Brasil com os povos escravizados trazidos da África, durante o longo período em que durou o tráfico negreiro transatlântico, na expansão comercial europeia nos séculos XV e XVI. Com o aprimoramento das técnicas de navegação, os europeus conseguiram chegar a regiões até então desconhecidas, como a África e as Américas, entrando em contato com os povos que lá viviam.
   Os portugueses estavam interessados apenas no comércio, porém muitas trocas culturais também ocorreram, tanto com os indígenas das Américas como com os negros da África. A diversidade cultural dos africanos  refletiu na diversidade dos escravos, pertencentes a diversas etnias que falavam idiomas diferentes e trouxeram tradições distintas.
Nas rotas de comércio lingando o litoral ao interior da África, os portugueses vendiam produtos europeus em troca de adquirir produtos africanos. Antes da chegada deles já existiam um comércio de escravos na África, porém com a crescente demanda de gente para trabalhar nas lavouras de cana, algodão e tabaco nas Américas, o tráfico começou a ser o negócio mais lucrativo da África. Por conta disso, reinos africanos se especializaram em guerras para fornecer cativos aos europeus a fim de controlar as rotas desse comércio.
Entre o século XVI e meados do século XIX, mais de 11 milhões de africanos, foram trazidos para as Américas como escravos, sem contar com os que morreram no brutal processo da captura e nas dificuldades enfrentadas durante a dura travessia do atlântico.

Para povoar, explorar as riquezas e colonizar as Américas, os países europeus resolveram retirar à força, africanos de suas comunidades e escravizá-los em terras distantes.
A principal fonte de renovação da população cativa no Brasil foi a migração transatlântica forçada. A população escrava não crescia na mesma proporção da população livre, por conta das péssimas condições de vida e dos maus-tratos. O tráfico funcionava também para substituir os escravos que conseguiam a alforria ou os que fugiam para os quilombos, havendo assim,  uma constante necessidade de buscar cada vez mais africanos para trabalhar nos engenhos e nas minas.
O tráfico era justificado pelos europeus como instrumento de missão evangelizadora dos africanos. No século XVIII, eles acrescentaram a ideia de que os africanos precisavam ser também civilizados. Mas na verdade, o tráfico fazia parte de uma grande cruzada, e antes de tudo era um grande negócio que movimentava a riqueza nas duas margens do Atlântico.
 A travessia atlântica

No início do transporte de escravos para o Novo Mundo, eram utilizadas vários tipos de embarcações, desde charruas à caravelas. É interessante saber que, muitas dessas embarcações, serviram, em ocasiões anteriores, para transportar produtos da Índia. Isso nos remete a pensar que estes navios já não contavam com um estado de conservação regular a ponto de oferecer a todos os tripulantes algum tipo de segurança durante as longas viagens.
Entretanto, no século XVII, o tráfico foi empregando embarcações mais específicas, passando de naus de apenas uma cobertura, para naus de 3 coberturas, permitindo uma distribuição dos escravos por categoria (homens, adultos, crianças, mulheres e grávidas).
O tratamento não era muito distinto dos outros tripulantes que não eram escravos, principalmente em relação a alimentação e as condições de higiene. Tudo era controlado, dosado, dividido. O maior problema está em saber se as determinações apresentadas por regimentos eram efetivamente empregadas e respeitadas. A ambição e a ganância dos traficantes ultrapassaram muitos desses segmentos, carregando navios com o número de "peças" dobrado de sua capacidade. Muitas foram as perdas de escravos em meio as longas viagens, frente à falta de água, falta de alimentos, falta de espaço para locomoção, dentre outras.
A carência de "peças" era evidente na América. Navios chegavam a carregar mais de 1000 numa só viagem. Em alguns casos a mortalidade atingia 50%.
As mortes nem sempre resultariam de má alimentação, de falta de água, de espaço suficiente, mas também de doenças adquiridas antes mesmo da viagem, doenças que se desenvolviam durante a viagem, visto que cada uma durava em média 45 dias.
    A questão das condições à bordo, não era somente um ¨privilégio¨do tráfico negreiro, mas também, de outras viagens de negócios. O custo envolvido em cada viagem era elevadíssimo, portanto, quanto mais carregassem, melhor seria e mais poderia lucrar. Ouro, marfim, escravos, era tudo junto sendo carregado numa mesma embarcação.
 As muitas Áfricas que vieram para o Brasil
Por volta de 1500, os portugueses e outros povos europeus chegaram ao atual continente africano e trouxeram, á força, milhões de pessoas para trabalhar como escravo nas novas terras que eles haviam conquistado – as Américas. Porém, existiu um lado bom na vinda dos africanos, a formação dessa efervescente e bonita cultura - a cultura afro-brasileira.
O tráfico transatlântico promoveu o povoamento do Brasil. No século XVI, os escravos trazidos provinham da Senegâmbia, mas especificamente, de uma região denominada pelos portugueses de Guiné.
Os africanos trouxeram consigo características marcantes de suas diferentes culturas e hoje podemos evidenciá-las nos seguintes pontos:
Religião – o Brasil possui uma grande diversidade de religiões e muitas foram formadas a partir dos diferentes rituais que os africanos praticavam. Como exemplo podemos citar: o Candomblé – culto aos orixás, deuses das nações africanas de língua iorubá dotados de sentimentos humanos como ciúme e vaidade; Umbanda – religião brasileira que mistura rituais africanos com europeus (não podemos nos esquecer a influência destes povos, que, aos poucos, foram se fixando em solo brasileiro).
Culinária – os africanos também exerceram influência na formação da atual culinária brasileira. É muito comum em esquinas vermos barraquinhas que vendem acarajé, abará, cocada, bolinho de estudante, entre outros pratos. E a pessoa que nos atende nestes lugares, a baiana – essa importante figura que usa trajes semelhantes à africanas é muito evidente no Brasil, com destaque na Bahia.
O fato de morar numa mesma região, falar a mesma língua e pertencer a uma mesma nação foi de extrema importância para a sobrevivência dos africanos no Brasil. Porém existiram também povos que vieram de outros lugares da África, mas isso não impediu a comunicação de um com os outros.
A multiplicidade de povos com línguas e crenças diferentes fez do Brasil um espaço privilegiado por sua diversidade.
 O povoamento do Brasil através do tráfico
Quando falamos de África, é impossível não falarmos de escravidão. Porém, se deixarmos de lado esse passado terrível de tal continente, podemos nos focar em como a África foi (e ainda é) importante para o nosso país.
Primeiramente, a África foi o continente responsável por povoar o Brasil. O tráfico de escravos, apesar de cruel, promoveu o povoamento do nosso país com gente vinda de diversas regiões do continente africano. No século XVI, não havia população suficiente em Portugal para levar adiante a ocupação da colônia, ou seja, foi pela importação maciça de africanos que os portugueses conseguiram defender o território da cobiça de outras potências coloniais, interessadas em ocupar e explorar as riquezas do Brasil. Foram os africanos, juntamente com os indígenas, que desbravaram matas, ergueram cidades e portos, atravessaram rios e abriram estradas que conduziam aos locais mais afastados do território.

Foi na condição de escravos que africanos e seus descendentes chegaram aos locais mais remotos da colônia. Os europeus trouxeram africanos para trabalhar, mas eles fizeram muito mais do que plantar, explorar minas e produzir riquezas materiais. Foram civilizadores. Criadores. Transmitiram à sociedade elementos valiosos de sua cultura. Aperfeiçoaram e aprenderam técnicas de fabricação e tornaram-se famosos mestres de açúcar. Foram explorados, não só pela força física, mas também pela inteligência e criatividade.
As mulheres livres ocupavam as ruas em um pequeno comércio que trazia ao Brasil muito mais do que acarajé e abará, mais iguarias da culinária afro-brasileira. Elas traziam vatapá, caruru, arroz-de-auçá, mocotós, mingaus, canjicas, rolete de cana, queimados, azeite de dendê, quiabo e pimenta malagueta. Eram parteiras também. Foi grande o número de crianças, negras e brancas, que vieram ao mundo nos braços de parteiras negras.
O tráfico fora feito para escravizar africanos, mas terminou também africanizando o Brasil. A diversidade de povos com línguas e crenças diferentes fez do Brasil um espaço privilegiado de tendência às tradições africanas diversas que, até hoje, continuam a moldar e colorir culturalmente o nosso país. Já dizia o padre Antônio Vieira: “quem diz açúcar diz Brasil, e quem diz Brasil diz Angola”.

FONTES: A história da cultura Afro-Brasileira, capítulo 02.
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http://www.trekearth.com/gallery/South_America/Brazil/Northeast/Bahia/Salvador/photo783325.htm
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